摘要
O bicudo do algodoeiro, Anthonomus grandis Boheman, e a praga mais importante da cultura do algodao nas Americas, causando grandes perdas economicas no Brasil desde sua recente introducao. Neste trabalho, pretendeu-se relacionar a fenologia da planta de algodao e disponibilidade de recurso alimenticio, com alguns parâmetros fisiologicos do inseto adulto. A cultura de algodao utilizada experimentalmente nao teve o tratamento normal das culturas comerciais. Sem o uso de reguladores de crescimento, as plantas apresentaram moa fenologia particular com producao de estruturas reprodutivas (flores e frutos) ate o mes de abril. De fato, observaram-se dois picos de producao de botoes florais, insinuando-se inclusive a aparicao de um terceiro. Em geral o ataque aos botoes florais foi mais intenso do que aos frutos, tanto para as tentativas do bicudo em.ovipor como para se alimentar. No entanto quando da natural diminuicao na abundância de botoes florais nas plantas os bicudos utilizam mais os frutos. Quando comparados os niveis totais de ingestao de alimento (botoes florais ou frutos), o bicudo mostrou um consumo de frutos significativamente maior. Apesar disso, observa-se uma ingestao maior de botoes florais no primeiro pico de producao desta estrutura. Porem, durante o segundo pico de producao, apesar da presenca mais abundante desta estrutura, a ingestao de frutos foi maior do que a de botoes. Sugere-se uma adaptacao das populacoes do bicudo ao desenvolvimento da cultura comercial de algodao, considerando-se que nessa epoca as plantas nao apresentam producao de botoes. Apesar da maior ingestao de frutos, os botoes florais parecem ser o alimento mais apropriado, devido a que quando alimentados com eles os individuos conseguem armazenar como biomassa parte do ingerido. Quando alimentados so com frutos o armazenamento e quase nulo, inclusive ate negativo, indicando utilizacao da biomassa armazenada previamente. Tais observacoes sao confirmadas pela baixa taxa de crescimento relativo e baixa eficiencia de conversao, tanto do alimento ingerido quanto do assimilado, apresentadas pelos individuos alimentados com frutos no Iaboratorio. Independente do tipo de alimento consumido, o armazenamento como biomassa e producao de fezes foram baixos. Considerando-se ainda a elevada eficiencia de assimilacao do alimento ingerido, uma baixa taxa de crescimento relativo e uma baixa eficiencia de conversao, tanto do alimento assimilado como do alimento ingerido, permite concluir que o bicudo constitui-se em inseto fortemente dissipador de energia. Caracteristica mais intensa quando os bicudos alimentam-se com frutos. A variacao no tempo da atividade respiratoria dos bicudos coincide com a producao de botoes florais no campo, sendo mais elevada quando a abundância deste recurso e maior, e reduzida quando este diminui. Quando submetidos a condicao experimental de ausencia de alimento ou agua, os bicudos utilizaram a biomassa previamente armazenada. Quando esgotaram cerca de 41% da biomassa umida disponivel morreram. Assim, sua longevidade dependeu principalmente da velocidade de utilizacao desta biomassa. Alem disso, observou-se que naqueles individuos que apresentaram maior longevidade, foi a reducao da fracao hidrica e nao a perda de materia orgânica que aparentemente determinou sua morte. Durante a entressafra no campo, o bicudo permanece num estado de baixa atividade respiratoria, reduzida de 75% aproximadamente da apresentada quando o algodao esta disponivel. Igual reducao foi observada e registrada em individuos mantidos sob condicoes de ausencia de alimento e agua no laboratorio. Conclui-se que adultos que acumulam enquanto larva maiores reservas energeticas, diminuindo a atividade geral e evitando a perda de agua, conseguiriam superar a ausencia de plantas de algodao sem consumir alimento, sem entrar em diapausa e assim iniciarem as infestacoes a cada nova estacao
Abstract